quarta-feira, 11 de março de 2009

“A mulher está pedindo socorro”



Estas foram palavras utilizadas pela Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Simone Ferrari, para classificar a situação da violência doméstica no nosso país. A assistente social foi uma das palestrantes no Seminário Integrador sobre a Lei Maria da Penha, que aconteceu no sábado (07) no auditório da Fasul.

Integrante da Secretaria de Assistência a Mulher do Município de Toledo, Simone declarou que mais de 300 mulheres já foram atendidas, durante os quatro anos de existência da secretaria. Mais de 200 aguardam atendimento.

O evento promovido pela Fasul serviu de reflexão ao dia Internacional da Mulher. O seminário, voltado aos acadêmicos do curso de jornalismo, contou ainda com a presença do Promotor de Justiça Giovani Ferri, da pesquisadora Zenaide Gatti, e da coordenadora local da Campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, Lina Viezzer.

Mais de 60 acadêmicos e professores do curso assistiram atentos aos relatos dos palestrantes, além dos números crescentes de violência. De acordo com o promotor Giovani Ferri, só no ano de 2008, foram mais de 70 casos de agressões dentro do círculo familiar, sendo que em 67% as mulheres são dependentes financeiramente dos cônjuges, e 60% das agressões são provenientes de famílias desestruturadas.

Segundo o promotor, a proteção à mulher agredida, a partir da Lei Maria da Penha (11.340/2006), só acontece se existir a constituição legal da família, ou seja, a união do casal dever ser oficial, perante a justiça. “A Lei Maria da Penha é um espetáculo de Lei, falta aplicabilidade” lembrou Giovani Ferri.

De cada 100 homicídios de mulheres, 70 ocorrem dentro do lar, e muitas ainda recebem ameaças de várias formas.“Existem muitas maneiras de agredir uma mulher, e não apenas da forma física” explicou Ferri. Ele ainda citou cinco tipos de agressão: física, psicológica, sexual, moral e patrimonial.

Para o promotor, faltam políticas públicas para combater a violência doméstica. São elas que podem assegurar proteção, através de incentivo e orçamento para as ações, como construção de casas abrigo, por exemplo. Segundo Giovani Ferri, no Brasil existem cerca de 38 casas abrigo, sendo apenas cinco no Paraná. “Quando as mulheres agredidas pedem proteção, muitas vezes elas não têm onde ficar para se afastar do agressor, e nós também não temos onde acomodá-las. A casa abrigo seria uma excelente solução” frisou.

A pesquisadora Zenaide Gatti apresentou aspectos históricos de submissão e ascensão da mulher em todo o mundo. Já Lina Viezzer, apresentou dados da campanha, baseados em números e situações de violência contra a mulher, além de possíveis soluções para tal fato.

O Seminário foi coordenado pelas jornalistas e docentes do curso Dulce Alves Nakamura e Mariara Silva.

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